Danielbiologo's Blog

Estacas já estão à vista

Posted in Ponte Hercílio Luz by danielbiologo on 20 de maio de 2011

PONTE HERCÍLIO LUZ

Estacas já estão à vista

Pilares que vão fazer parte da estrutura de sustentação do vão central começam a ser instalados

Começaram a aparecer três das 16 estacas que deverão dar sustentação à estrutura provisória do vão central da Ponte Hercílio Luz, parte mais delicada das obras de restauração.

O engenheiro do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) Antônio Carlos Xavier informou que a previsão é de que, até setembro, estejam prontos os quatro blocos, com quatro fundações de ferro e concreto cada um. As estacas, cravadas no fundo do mar, são colocadas com guindaste e com a ajuda de duas balsas. Uma estaca leva, em média, 15 dias para ser erguida, dependendo das condições climáticas.

A estrutura de ferro provisória bem abaixo da Hercílio Luz, construída sobre essa base de apoio, deve estar concluída até junho de 2012. Em abril, o prazo dado para a conclusão dessa etapa foi maio de 2012. Para Xavier, a estrutura vai dar estabilização à ponte, garantindo a segurança dos trabalhadores no vão central da ponte.

Depois da formação da estrutura, será feito o estaqueamento das torres principais. Em um terceiro momento, haverá a troca das rótulas e a desmontagem e troca das barras de olhal. O engenheiro Cássio Magalhães, do Consórcio Monumento, responsável pelas obras, destacou que a estrutura provisória deverá ser retirada só na fase final de restauração.

– A estrutura vai ser removida como foi colocada. Só então a Ponte Hercílio Luz volta a ser soberana – afirmou.

Segundo a assessoria do Deinfra, só na estrutura provisória deverão ser aplicados R$ 60 milhões. Desde fevereiro de 2006, quando foi assinada a ordem de serviço dos reparos, até janeiro deste ano, foram investidos R$ 64,8 milhões na Hercílio Luz, também de acordo com o Deinfra. A estimativa é de que R$ 172,4 milhões ainda precisem ser investidos para a recuperação da ponte. A estimativa do Deinfra é de que a restauração completa da Hercílio Luz esteja concluída em 2014.

Publicado originalmente no DC de 20 de maio de 2011, aqui.

85 anos de história, 20 anos de interdição

Posted in Cicloativismo, Cicloturismo Urbano, Ponte Hercílio Luz by danielbiologo on 13 de maio de 2011

No dia do seminário o Presidente da Associação dos Ciclousuários de Florianópolis, comentou e perguntou à mesa:

“Na questão da Mobilidade Urbana é inviável “trazer” mais carros para as nossas ruas que já estão saturadas de automotores. Para melhorar a mobilidade de Floripa a ponte Hercílio Luz após restauração deve ser utilizada por pedestres e ciclistas e um possível VLT, VLP ou até um BRT”.

Foi respondido pelo Presidente do DEINFRA Paulo Meller;

“…. é nesse sentido que está sendo trabalhado”.

13 de maio de 2011 | N° 9168

PONTE HERCÍLIO LUZ

85 anos de história, 20 anos de interdição

No dia em que a Ponte Hercílio Luz completa 85 anos e quase 20 sem poder ser usada nem mesmo por pedestre, o governo avança alguns peões neste jogo de xadrez que é a complexa obra de restauração da estrutura, orçada em R$ 170 milhões. A peça de maior impacto é a postura em tom mais incisivo do governo Raimundo Colombo, que promete terminar a reforma neste mandato. A data em discussão atualmente entre o Consórcio Monumento, responsável pela obra, Secretaria de Infraestrutura é julho de 2014, um atraso de dois anos no prazo de conclusão do atual contrato.

Soma-se ao complicado jogo, ainda, o projeto para uma difícil captação de recursos por meio da Lei Rouanet, que deve ser entregue hoje, às 15h, ao governador Raimundo Colombo. A partir da assinatura do governador, o documento segue para ser aprovado pelo Ministério da Cultura. Se aprovado , o Estado pode sair atrás do investimento junto a empresas. Uma jogada difícil diante do alto valor que deverá ser apresentado ao MinC.

Também hoje, o governador anunciará um projeto de lei que será encaminhado à Assembleia Legislativa, criando um fundo específico à Ponte Hercílio Luz para receber o dinheiro captado à ponte. Com isso, os investimentos não se embolam a outros do orçamento estadual. Ficam reservados neste novo fundo, que precisará ser aprovado pelos deputados.

VÃO CENTRAL SUSPENSO EM 2012

No seminário realizado onte, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), um dos destaques da discussão foi a criação da comissão de acompanhamento da obra com representantes do Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Tribunal de Contas do Estado e Assembleia Legislativa. A ponte deverá ter, ainda, um museu e um site só para ela, com câmeras transmitindo simultaneamente o trabalho de restauração e com atualizações sobre receita e despesa da obra.

As iniciativas foram anunciadas pelo secretário Valdir Cobalchini durante o seminário sobre a restauração, que aconteceu na UFSC, ontem, e foi organizado pela Associação Amigos da Cidade. Um dos momentos mais aguardados do encontro foi a palestra do engenheiro Khaled Mahmoud, consultor internacional do projeto de restauração. Khaled mostrou imagens sobre a base de sustentação das torres principais:

– Apesar de boa parte das fissuras não estar visível porque a ponte está pintada, a corrosão existe por toda a superfície das bases de apoio. Infelizmente, colapso de pontes não é coisa do passado – afirmou, enquanto mostrava imagens de 2007 da queda de uma ponte sobre o Rio Mississipi, nos Estados Unidos.

Por conta do alto grau de deterioração das bases, a Hercílio Luz não pode ser restaurada a partir da sustentação por cabos de aço presos na parte superior das torres, que essas ficariam sobrecarregados. Este era o projeto inicial, mas foi alterado em 2008 para a construção de estrutura de sustentação provisória. O engenheiro reafirmou que a ponte só estará segura quando for apoiada na estrutura provisória, o que deve acontecer em junho do ano que vem, de acordo com o novo cronograma da obra.

Dois professores do departamento de engenharia da UFSC, Ivo Padaratz e Moacir Carqueja, defenderam a desmontagem da estrutura e o direcionamento dos recursos a outros setores como a manutenção da Colombo Salles e Pedro Ivo. Mas a proposta não teve repercussão.

PAPEL DA PONTE NA MOBILIDADE URBANA

Outro debate aprofundado no encontro foi sobre a funcionalidade da Hercílio Luz. Paulo Meller, presidente do Deinfra, afirmou que a ponte integra as soluções estudadas para a mobilidade da Grande Florianópolis, que compreende quatro cidades e 800 mil habitantes. O assunto girou em torno do uso para transporte de massa, pedestres e ciclistas.

O Estado assinou, esta semana, com a Prosul, o contrato para execução do estudo de viabilidade do transporte de massa que integraria Biguaçu, São José, Palhoça e Florianópolis. Para tanto, será preciso saber como seria a quarta ligação entre Ilha e Continente e o papel que a Hercílio Luz teria nesse processo.

FUNDO ESPECÍFICO E A LEI ROUANET

Dos R$ 170 milhões necessários para recuperação da ponte, R$ 18 milhões devem ser gastos esse ano com recursos do Estado. Segundo o presidente do Deinfra, Paulo Meller, o montante do ano está assegurado. E mesmo buscando recursos em outras frentes, o governo pretende captar boa parte do restante (R$ 152 milhões) com empresários via Lei Rouanet, o que, se concretizado, garantirá dinheiro novo nas obras até o início do ano que vem.

Não há precedentes no Brasil de se conseguir um valor tão elevado pela Lei de Incentivo à Cultura na recuperação de um patrimônio histórico. Para se ter uma ideia, entre os maiores valores aprovados estão R$ 50 milhões para a restauração do Theatro Municipal do Rio, e R$ 25 milhões para a Catedral de Brasília.

Outra fonte para se conseguir recursos é o governo federal, além de mais contrapartida do próprio governo do Estado. Como essa conta será fechada ainda não se sabe:

– Que empresário não vai querer ter sua empresa associada à restauração da ponte, que é o símbolo mais lembrado pelos catarinenses? Vamos tentar captar tudo o que der – disse Valdir Cobalchini, secretário de Infraestrutura.

Em paralelo, o governo deve buscar, recursos do Ministério dos Transportes, das Cidades, Fundo Nacional da Cultura, além de bancos como BID e BNDES. Todo recurso para a ponte ficará armazenado num fundo específico. O projeto de lei da criação do fundo será apresentado, hoje, ao governador. O fundo não tem relação apenas com a lei Rouanet. Qualquer pessoa que quiser fazer doações poderá depositar nesse fundo.

BARRAS DE OLHAL OU CABOS DE AÇO?

Na semana seguinte à Páscoa, Paulo Meller, presidente do Deinfra, recebeu um relatório com a proposta de troca das barras de olhal por cabos de aço, feita por técnicos das empresas que integram o Consórcio Monumento. Hoje, a ponte é suspensa por quatro sequências de barras de olhal. São 360 barras no total.

Entre os argumentos, a maior segurança dos cabos em relação às barras de olhal. Uma barra quebrada significa perda de 25% da força de sustentação da ponte. Uma fissura num cabo, composto por milhões de fios de aço, representa menos de 1%. Os cabos têm vida útil de 100 anos, contra 25 das barras de olhal. São mais baratos e de mais fácil manutenção.

A substituição está sendo amadurecida pelo Deinfra, mas já se anuncia como uma futura polêmica. A ponte é tombada como patrimônio nacional. O Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional determina que ela seja restaurada da mesma maneira como foi concebida:

– A troca das barras por cabos faria a ponte voltar ao conselho consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional para se discutir se ela permaneceria tombada – afirmou Mario Alves, técnico do Iphan.

Retirado do DC, original on-line aqui

III Seminário Ponte Hercílio Luz

Posted in Ponte Hercílio Luz by danielbiologo on 12 de maio de 2011


Dia 12 de maio, saí de casa bem cedo e,  depois de dois ônibus para andar poucos km e caminhar mais um par deles, cheguei até o local onde aconteceria o Seminário, no auditório da UFSC.

Enquanto esperava conversei com Jornalistas/repórteres e com os Engenheiros do Consórcio Monumento, Políticos e o Especialista em Pontes Mr. Khaled M.Mahmoud.

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 Silver Bridge, ponte muito parecida com a Hercílio Luz que ruiu em 1967.


Conclusões, algumas considerações.

O Presidente da Associação dos Ciclousuários de Florianópolis, Biólogo Daniel de A. Costa, comentou e perguntou à mesa:

“Na questão da Mobilidade Urbana é inviável “trazer” mais carros para as nossas ruas que já estão saturadas de automotores. Para melhorar a mobilidade de Floripa a ponte Hercílio Luz após restauração deve ser utilizada por pedestres e ciclistas e um possível VLT, VLP ou até um BRT”.

Foi respondido pelo Presidente do DEINFRA Sr. Paulo Meller;

“…. é nesse sentido que está sendo trabalhado”.

  

Palavras finais do Coordenador das Obras de Recuperação da Ponte Hercílio Luz, Engenheiro Cassio De Magalhães e do organizador do seminário o Economista Luiz Galvão.

Réplicas da Ponte Hercílio Luz

Posted in Ponte Hercílio Luz by danielbiologo on 8 de maio de 2011
8 de maio de 2011 | N° 9163

HERCÍLIO LUZ

Réplicas de beleza e curiosidades

A beleza da Ponte Hercílio Luz foi reproduzida em três réplicas ao longo da história, duas em ouro e uma em madeira. As histórias dessas miniaturas são cheias de polêmicas e curiosidades, assim como a história da própria ponte. A primeira, em madeira, tinha 18 metros, e foi feita só para que o governador Hercílio Luz pudesse fazer a inauguração simbólica, já que devido à sua saúde comprometida, dificilmente sobreviveria para ver a ponte verdadeira pronta. A segunda réplica é uma joia em ouro de 33 centímetros, que em 20 anos só foi exposta duas vezes. A obra fica trancada em um cofre. A terceira miniatura foi feita pelo mesmo ourives, Juan Alves, como forma de protesto, para que a réplica possa ser exposta para visitação dos catarinenses e turistas.

 

Feita só para o governador

A primeira réplica da Ponte Hercílio Luz foi feita antes mesmo de sua inauguração. E foi a única ponte que o idealizador da obra, governador Hercílio Luz, viu antes de sua morte. Foi construída exclusivamente para que ele realizasse a inauguração simbólica, já que pelo seu estado de saúde, havia o risco dele não estar vivo para presenciar a inauguração.

Em madeira, com extensão de 18 metros, ela foi colocada entre o Miramar e a Praça XV, no Centro da Capital. O governador atravessou apoiado em uma bengala, já muito doente, naquele que foi seu último ato público, em 8 de outubro de 1924. Após 12 dias, morreu devido ao câncer.

A ponte de 5 mil toneladas de aço, que começou a ser construída em setembro de 1922, estava com as torres erguidas e iniciava o processo inovador de montagem do vão pênsil. No dia 13 de maio de 1926, a chamada “colosso de aço” foi inaugurada para suportar trens, veículos, pedestres e uma tubulação de água. Já a miniatura em madeira foi demolida após a inauguração e o único registro fotográfico que se tem conhecimento está no livro Hercílio Luz – Uma Ponte (foto acima).

Retirado do DC on-line, original aqui.

Tão valiosa que até hoje poucos a viram

  

Ela é uma espécie de “joia da coroa”. Em 20 anos, só foi exposta duas vezes, tamanha a valiosidade de uma réplica da Ponte Hercílio Luz em ouro, com acabamento em prata e sobre uma base de pedra ágata, sobreposta a uma estrutura de madeira cedro. A obra, que pertence ao governo do Estado, está guardada em um prédio público da Capital, dentro de um cofre de segurança.

Em 1989, o ourives argentino Juan Alves reproduziu a ponte em 33 centímetros, com 127 gramas de ouro 18 quilates e 106 gramas de prata 950. A primeira vez que os catarinenses tiveram a oportunidade de conhecê-la foi em 1991, quando chegou ao Palácio Cruz e Sousa, em Florianópolis. Foi apenas um dia de visitação e a réplica foi guardada.

A partir daí, ninguém mais soube onde estava. Teve gente duvidando que ela existia ou que havia sumido. O próprio ourives Juan Alves diz que foi até o Palácio, mas não teve informações.

– A peça foi feita por mim. Por isso, tenho direito de ver. Mas, mesmo assim, nunca vi a minha obra exposta.

Neste ano, a “joia” reapareceu em público na comemoração do centenário da casa de campo do governador Hercílio Luz, em Rancho Queimado. A réplica, porém, só foi observada por políticos e familiares. Segundo o presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), Joceli de Souza, para o deslocamento da peça da Capital até o local foram necessárias duas viaturas do Batalhão de Operação Especiais e segurança especial na casa de campo.

Souza disse que a peça nunca foi avaliada, mas o valor histórico é incalculável. Por enquanto, a peça deve continuar “escondida”, pois não há aparato de segurança para permitir a visitação.

– É preciso colocar detector de metal na entrada da sala, segurança 24 horas e mobiliário blindado.

A proposta dele é reestruturar o Palácio Cruz e Sousa para colocar a réplica para visitação do público.

Original, aqui.

Uma cópia fiel, desta vez para o público

 

Foi a vontade de ver a réplica da Ponte Hercílio Luz exposta ao público que fez o ourives Juan Alves, 57 anos, autor da primeira miniatura, criar outra peça idêntica. Foram mais de 514 horas de trabalho para transformar 127 gramas de ouro 18 quilates em uma obra de arte. Alves é argentino, mas já vive na Capital há 22 anos. Ele tem uma admiração especial pela Ponte Hercílio Luz e ficou decepcionado com o fato da sua criação ficar longe dos olhos do público e também dos dele.

– A peça é minha e tenho que pedir para ver. Fiz a segunda réplica só de birra. A ponte é nossa identidade. Paris tem a Torre Eiffel. O Rio de Janeiro, o Cristo Redentor. E Santa Catarina, a Hercílio Luz.

Em 2009, um aluno de seu curso de joias, diante da frustração do professor de não ver sua obra exposta aos catarinenses, ofereceu a matéria-prima para fazer a réplica. Ele é o proprietário da Moulin Rouge Joalheria, localizada em um shopping da Capital. O custo da matéria-prima – que levou além do ouro, 106 gramas de prata 950, pedra ágata e a madeira nobre – foi de R$ 14 mil, sendo R$ 7 mil só de ouro.

– Quero vender a peça para alguém que tenha vontade de colocá-la para visitação. Não precisa de um esquema de segurança, porque se derreter a peça para vender o ouro, não terá tanto valor. O custo dela é histórico. É uma obra de arte – defende.

Ele tentou vender a peça para a Câmara dos Vereadores de Florianópolis e a Assembleia Legislativa, mas por causa da burocracia, não conseguiu apresentar a obra para a direção dos órgãos.

– Nem que me ofereçam R$ 100 mil, eu não faria outra. É uma obra cara e trabalhosa. Dizem que a Ponte Hercílio Luz pode cair. Daqui a pouco, só vai ter a minha réplica para lembrar.

Alves vai realizar seu sonho e expor a peça no aniversário da Ponte Hercílio Luz, no dia 13 de maio, na joalheria. Além disso, o artista gostaria de ver a sua inspiração aberta para o trânsito de veículos de passeios e fluxo de pedestres.

Original, aqui.

ViaCiclo

A ViaCiclo tem como principal objetivo melhorar as condições de mobilidade dos usuários de Bicicleta da Grande Florianópolis. Com ações envolvendo a comunidade e o poder público, promove o uso da Bicicleta como meio de locomoção, de lazer e esporte nas áreas urbanas e rurais. Aém disso apóia os transportes ativos. o transporte coletivo e a integração entre eles.

(Texto parcial do folder de cinco anos da ViaCiclo, fundada em 2001.)

Por isso e muito mais é que faço parte da ViaCiclo, melhorando o ambiente urbano em que vivemos.

Biólogo Daniel Costa


Mobilidade Urbana na Ponte Hercílio Luz.

Posted in Ponte Hercílio Luz by danielbiologo on 5 de abril de 2011

A Mobilidade Urbana não são apenas os “caminhos” para o Transporte Individual Motorizado, assim como muitas outras pessoas também “pensam”. E não é uma questão se pode ou não suportar o transito de motorizados na ponte, a questão é continuar a priorizar o carro para entrar em uma ilha com os espaços “finitos”. Para melhorar a Mobilidade Urbana de Floripa é urgente a redução drástica no numero de carros nas ruas. É o unico jeito ! DanielBiólogo

5 de abril de 2011 | N° 9130

O ENGENHEIRO DA PONTE

“Sem dinheiro, não tem como dar prazo”

Consultor do Consórcio Monumento e um expert em pontes suspensas no mundo, o egípcio Khaled Mahmoud alerta para o processo de deterioração da estrutura de ferro

O engenheiro Khaled Mahmoud é o homem por trás do engenhoso projeto de restauração da Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis. De origem egípcia mas com residência fixa nos EUA, Khaled foi contratado em março de 2009 pelo Consórcio Monumento, responsável pela obra, depois que inspeções na ponte detectaram um problema na estrutura até então desconhecido: a deterioração das quatro rótulas onde são apoiadas as duas torres de sustentação. Ao lado das barras de olhal no topo das torres, as rótulas são essenciais na dinâmica de sustentação da estrutura. Elas se movimentam para manter as 5,5 mil toneladas em equilíbrio. Como estão trincadas e oxidadas, as rótulas não se movem.

Diante deste novo obstáculo, Khaled orientou sobre o risco de restaurar a ponte segurando-a por cabos de aço na parte superior, como estava previsto no projeto original. Chamou atenção, ainda, para a necessidade de uma sustentação provisória na parte inferior. A partir daí, projetou-se a chamada ponte sob a ponte (veja ilustração na página 5).

O engenheiro visitou a Hercílio Luz pelo menos 10 vezes – em 2009, quase que uma vez por mês. Semanalmente, recebe relatórios técnicos e conversa com o engenheiro Cássio Magalhães, coordenador do consórcio, sobre a restauração, e mostra conhecer cada detalhe do projeto – inclusive o custo da obra e quanto já foi investido.

Khaled é um dos principais experts em pontes suspensas do mundo. O currículo dele é longo e entre os destaques está a presidência da Consultoria Tecnológica de Pontes, empresa de Nova York especializada em grandes estruturas. Participou da restauração de algumas das maiores do mundo como a Simon Kenton, Verrazano-Narrows, Bronx-Whitestone, Mid-Hudson, Throgs Neck, Triborough Suspension Bridges nos EUA e da Bordeaux Lift Bridge, na França. Editou quatro livros sobre engenharia e é presidente e fundador a Associação de Engenheiros de Ponte dos EUA.

Com experiência de 20 anos na área, Khaled afirma que a Hercílio Luz está em processo constante e ininterrupto de deterioração. Só estará segura após apoiada na sustentação provisória.

A seguir, confira os principais trechos da entrevista que ele concedeu por telefone, dos Estados Unidos, ao Diário Catarinense.

A ponte pode cair

“A ponte está em processo constante de deterioração: 24 horas por dia nos 365 dias da semana. A corrosão contínua, em parceria com outros fatores como ventos fortes e a direção destes ventos, pode levá-la ao colapso. De acordo com a posição de latitude e longitude de Florianópolis, a cidade pode ter ventos de até 155 km/h. Mas danos à ponte poderiam ocorrer mesmo na velocidade do vento inferior a 100 km/h, devido à contínua degradação, deterioração e corrosão. Todos esses fatores podem contribuir para danos graves ou colapso parcial ou total.”

Os riscos de um colapso

“Claro que a probabilidade de a Hercílio Luz cair é menor do que no caso da Silver Bridge, sua irmã gêmea que despencou em 1967. Isso porque a Silver Bridge tinha apenas duas sequências de barras de olhal. A Hercílio Luz tem quatro, mas uma está fraturada e ganhou um pequeno reparo. Desta maneira, está mais fragilizada. Assim como um se rompeu, outros podem se romper também, diante do franco processo de corrosão. A chance é menor quando comparada a outra ponte, mas existe. Um ponto a se manter sempre em mente é que um desastre é conhecido e documentado somente depois que acontece. Nosso trabalho como engenheiro é evitar desastres. No rescaldo de um colapso da ponte, qualquer quantia de dinheiro é minimizada e banalizada, comparada com a perda irreparável de vidas humanas e a perda insubstituível do patrimônio.”

Prazo x dinheiro

“Antes de falar de prazos, precisamos falar de dinheiro. Considerando a fase atual e, se a partir de agora tivermos o ritmo de investimentos necessários, a ponte fica pronta em dois anos e meio. O valor do contrato é de R$ 163 milhões. Até agora, desde 2008, foram investidos R$ 27, 6 milhões. É cerca de 15% do total em dois anos. Muito pouco. Me parece que faltam recursos, mas sem eles a restauração pode se arrastar por anos. Sem dinheiro, não tem como dar prazo.”

Estrutura provisória

“Devido à vulnerabilidade atual da ponte, na base e no topo das torres, a estrutura provisória oferece a medida de segurança necessária ao apoio da estrutura a partir de agora e até o trabalho de reabilitação ser concluído.”

Monumento x mobilidade

“Eu discordo fortemente de que a ponte não pode ser uma solução para a mobilidade da Grande Florianópolis. Eu dirijo todos os dias na Brooklin Bridge. Ela foi inaugurada em 1883, ou seja 43 anos antes da Hercílio Luz, e até hoje incorpora grande parte do fluxo de veículos de Nova York. É um grande erro achar que a Hercílio Luz não pode receber o tráfego. Com o vão central reforçado, ela pode receber transporte de massa ou carros e também pedestres. Além disso, a Ponte Hercílio Luz é um símbolo de SC e do Brasil, uma raridade em pontes no mundo, um maravilhoso patrimônio que merece ser restaurando. Quando reformada, é uma ponte que vai durar mais de 100 anos.”

Barras de olhal

“Uma coisa importante é substituir as barras de olhal por cabos de aço. Eles são mais fortes e muito mais seguros. As barras de olhal são mais frágeis às vibrações e podem se romper como uma já rompeu. Os cabos duram mais, são de fácil manutenção e fabricação. Florianópolis deve aproveitar a restauração da ponte para substituir as barras por cabos.”

Original no DC on line aqui.